terça-feira, 5 de agosto de 2008

A Passos Largos

O CD está com seus dias contados. Isso, na verdade, não é uma grande novidade. Diversas fontes mostram que a procura pelo produto está cada vez menor. Embora a queda brusca de vendas de CDs apontada pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (leia-se grandes gravadoras) nos últimos anos tenha outros fatores, como, por exemplo, a grande crise do setor causada principalmente pelo alto custo de seu monopólio da mídia, realmente o futuro do CD parece mesmo ser virar artigo de colecionador. Ou quase.

Basta perguntar a si mesmo qual foi a última vez que foi a uma loja comprar um CD. Mesmo que tenha sido recente, esse hábito, com certeza, diminuiu e muito nos últimos anos. Pelo menos eu admito, faz muito tempo que não compro um disco. Mas nem por isso podemos dizer que o público esteja alheio às novidades, ou pouco interessado por música. A Internet está aí pra mostrar o contrário. Blogs sobre música se multiplicam, e cada vez mais artistas disponibilizam seus discos inteiros em diversos sites. Pelo menos os que não têm algum contrato que impeça isso.

Em meio a essa revolução digital, cabe uma grande reflexão sobre o tema. Será mesmo que o CD vai acabar? E o que virá em seu lugar? MP3?

Venho pensando bastante sobre isso ultimamente e creio que acontecerá algo um pouco diferente do que ocorreu com o vinil ou LP. Naquela ocasião, o CD veio mesmo pra substituir o saudoso “bolachão”, por vários motivos: durabilidade, praticidade (não precisa trocar de lado), qualidade digital, entre outros. E substituiu mesmo, tanto que em pouquíssimos anos praticamente todos os títulos eram produzidos exclusivamente em CD. Hoje, resta apenas uma fábrica de vinil na América Latina, destinada a prensagens limitadas de discos voltados, principalmente, a fãs assíduos desse ou daquele artista e colecionadores. Nessa revolução digital que ainda estamos vivendo, não existe, ainda, nenhum produto palpável para substituir o CD. O MP3 não passa de um simples arquivo, compactado, que fica dentro do computador, I-Pod ou MP3 Player. Para um público mais exigente, que ainda gosta de ter o álbum do artista em suas mãos, o MP3 não tem condições de substituir o CD, tanto pela qualidade inferior do som quanto pela ausência deste produto completo do artista, muitas vezes com um conceito embutido, trazendo imagens, entrevistas e outras informações no encarte, que pode ser também uma obra a parte ou complementar ao CD. Para esse público, que ainda não é pequeno, o MP3 passa a ser algo muito útil para ouvir músicas em casa no computador, no trabalho, conhecer coisas novas e usar no seu I-Pod enquanto realiza seu cooper matinal. Em outras palavras, substitui o velho discman, e não o CD.

Entretanto, o mercado de CDs deve continuar caindo. Inegavelmente, as gerações estão cada vez mais acostumadas a baixar músicas do e-Mule, por exemplo, e menos habituadas a comprar um CD. Essa diminuição no consumo de CDs terá, com certeza, um forte impacto nessa indústria, tanto para as grandes gravadoras quanto para os independentes. Porém, um mercado restrito de distribuição dos CDs deve continuar ainda por muito tempo para esses consumidores que fazem questão de ter O Álbum do artista, muito diferente do vinil que se restringe a colecionadores e românticos da “velha guarda” que não conseguem se desfazer de seu acervo. Eu me incluo nessa categoria.

Nisso pelo menos os independentes estão “na frente” das grandes gravadoras, digamos assim. Livres de contratos absurdos, alguns desses artistas já perceberam há tempos essa eficiente maneira de distribuição, e lançam seus discos na Internet, muitas vezes músicas inéditas e, inclusive, alguns grupos lançam seu “disco” somente na Internet. Não que as gravadoras não estejam atentas à essa revolução digital. Muito pelo contrário. Tanto que alguns altos executivos já chegaram a afirmar que, realmente, o CD está com seus dias contados do ponto de vista de mercado, e estão apostando em vendas separadas de músicas, por MP3, e até toques de celular. Porém, como grandes corporações, tudo precisa ser calculado e planejado exclusivamente para o lucro. Como os artistas independentes têm outras preocupações além dessa, acabaram enxergando essa vantagem interessante de colocar seus trabalhos na Internet.

Viva a Revolução Digital!!! Ou não???



Téo Ruiz, direto do overmundo

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