quarta-feira, 16 de setembro de 2009

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Selo ou não sê-lo?



Pronto para criar o seu próprio selo de música virtual? Por Marcus Vinícius Brasil São Paulo, 26 (AE) - Toda crise é terreno fértil para novas iniciativas. No caso dos problemas enfrentados pela indústria fonográfica, não é diferente.
O site Next Big Sound prova isso. A idéia é simples, mas divertida.

É possível fazer dois tipos de cadastros; um para artistas e outro para "mecenas". Se você for um músico, suas faixas serão tocadas na rádio do site. Como mecenas, pode escolher artistas para criar seu próprio selo independente virtual.

"A idéia foi concebida originalmente como uma alternativa ao processo de recrutamento em grandes gravadoras. Nos inspiramos no poder de democratização da internet", diz David Hoffman, um dos criadores.

É possível escalar até dez artistas em cada selo. Quanto mais pessoas adicionarem um artista que faz parte de seu selo, mais valorizado ele fica. O artista também ganha pontos.

Os artistas mais bem ranqueados ganham destaque na homepage. E os mecenas com bom faro ganham fama no site.

Por enquanto é apenas uma brincadeira, artistas e mecenas não ganham dinheiro. Também não há previsão de qualquer tipo de iniciativa fora do plano digital. Mas Hoffman diz que o retorno tem sido positivo. "Tenho certeza de que estamos conectando artistas e ouvintes, e todo fã dá apoio a iniciantes."
Para quem está começando a criar seu selo, Hoffman sugere que "ouça muitas músicas para reunir bandas que lhe interessem" (leia mais dicas de gravadoras reais no texto ao lado).

Mas não são só o Next Big Sound e o já manjado MySpace que oferecem ferramentas de divulgação para novos artistas à procura de reconhecimento. O músico Gustavo Nobio, do projeto SUPRA Vida Secular, utiliza muitos deles para espalhar seu trabalho.

Há duas semanas, ele lançou um álbum virtual no Last.FM. "O MySpace permite que apenas seis músicas sejam colocadas de uma vez. Por isso procurei alternativas". No começo da carreira, ele distribuía músicas gravadas em fitas K-7. "Hoje pelo menos tenho a certeza de que meu trabalho não ficará preso no correio". Ou esquecido dentro de um envelope.

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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

o que é, afinal, contra-indústria?

Sinto que a discussão neste blog aqui anda meio parada.

Sntão vou propor aqui o debate sobre dois termos que foram criados em contraposição a outros, usados anteriormente, e que careciam de demarcações teóricas claras.

O termo "indústria cultural" foi criado por Theodor Adorno, um dos principais filósofos ligados à Escola de Frankfurt (também conhecida como Escola Crítica), e diz respeito ao conjunto de produtos e manifestações geradas através dos mass media e das estruturas técnicas, burocráticas e comerciais capitalistas, no início do desenvolvimento da época da reprodutibilidade técnica da arte (idéia desenvolvida por Walter Benjamim, também da mesma escola), como alternativa ao termo "Cultura de Massas", desenvolvido pelos americanos.

Indústria Cultural surgiu como um termo que aponta para a percepção de que a cultura "midiática" não pode ser propriamente considerada uma cultura DE massas, já que é, desde seu início, marcada por um sistema quase totalmente unidirecional, com uma grande desiguldade entre emissores e receptores, limitando bastante, dessa forma, a idéia de interlocução.

atualmente o conceito merece uma revisão, obviamente. o desenvolvimento dos meios técnicos, o surgimento da internet - um meio estruturalmente aberto e anárquico de troca de informações - e a globalização nos forçam a refinar melhor este conceito, embora não seja ainda pertinente abandoná-lo.

Já o "Contra-Indústria", proposto pelo poeta e articulador cultural Makely Ka e reforçado por vários outros ativistas do mercado musical contemporâneo, claramente derivado do conceito adorniano e também do termo "contra-cultura", que se refere ao conjunto de manifestações culturais que questionam de alguma forma as bases estruturais de um sistema de produção, distribuição e consumo estabelecidos, vem, por sua vez, como alternativa ao termpo "independente". Mas quais seriam exatamente seus pressupostos teóricos? Em qual paradigma está inserido? Quais são exatamente os pontos que questiona e propõe alternativas da chamada "música independente".

Talvez a própria palavra "independente", pela percepção de que a dependência não existe apenas no mercado oficial das gravadoras, em que os artistas dependem de uma série de decisões empresarias sobre a produção, distribuição e promoção de seus trabalhos. a dependência, por exemplo, no mercado musical mineiro, da maioria dos músicos profissionais em relação aos mecanismos das Leis de Incentivo à Cultura, e, consequentemente, a empresas patrocinadoras e os escritórios de produção a eles ligados. A diferença, na prática, é que o modelo atual é apenas mais neoliberal e econômico para os investidores, que têm boa parte dos impostos que fatalmente seriam investidos em cultura via impostos liberados para repasses "diretos" para os projetos patrocinados, ou seja, de produto à venda no mercado, a música passa a ser interpretada como instrumento de propaganda para quaisquer outros produtos: serviços de telefonia, produtos de beleza, siderurgia...

Não seria esta uma dependência ainda mais grave, já que o público consumidor final de produtos culturais já não têm acesso direto à escolha dos produtos, por estes dependerem de suas funcionalidades como peças publicitárias?

Pois bem... se o nascimento de "contra-indústria" existe para questionar a falsa "independência" da classe musical em sua rotina de trabalho, também deve produzir questionamentos sobre a superação dos mecanismos das estruturas que os mantêm, ou seja, os mecanismos da indústria cultural.


a discussão está aberta.
um abraço.

domingo, 31 de agosto de 2008

Mais uma referência

Em diálogo com os posts do Domador e do Guilhermão eu passo aqui uma referência interessante que eu estou lendo no momento. É um livro que trata justamente da questão da cultura (no sentido mais amplo dessa palavra) se tornar, digamos, uma moeda de troca econômica e política no final do século XX e início desse.

O autor George Yúdice trata do que ocorre quando a arte e a cultura passam a ser consideradas domínios estratégicos ao se tornarem assuntos de interesse não só de empresas privadas ou de governos estatais como também de instituições como o Banco Mundial, o BID entre outros.

O nome do livro é "A conveniência da cultura - usos da cultura na era global" e foi lançado no Brasil pela Editora UFMG. Dêem uma olhada, pode ser interessante para esquentarmos as discussões "contra-industriais".

Rafael Azevedo